Voo de galinha

Nem vem, que não tem!
Gosto que me enrosco com a frase “para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada“. Já ouviram falar em voo de galinha? Pode crer, problemas macro não se resolvem de supetão, jogando pra cima a penosa e esperando o milagre da “autossustentabilidade”.
Voa, voa, voa!
O primeiro e essencial passo deve ser identificar o cerne do problema. Problema é palavra abolida, agora é desafio. Não se engane, sendo complexo há diversos pontos de vista e abordagens até destrinchar o novelo, apenas o suficiente para encontrar o núcleo, causa raiz. Justo pela complexidade, não se assuste, caso conclua se tratar de multi-causas. E uma dica, por mais que se empenhe, com apenas duas mãos não há como resolver este enrosco e desatar os nós cego. Aja colaborativamente, é o único jeito!
Tendo agora uma mínima noção do tamanho da bronca, vem a parte cerebral. Dá um baita suadouro! É hora do planejamento detalhado, de modo a estabelecer as sistemáticas, artefatos e faseamentos das tarefas para colocar “a coisa” em ordem e progresso (fluxo de valor). Se planejando surgirão surpresas, imagine sem planejar. Não é só colocar no papel, na planilha ou apertar um botão mágico 🙂 ; trata-se de pensar todo o sequenciamento, dependências e conexões das atividades requeridas. O ciclo de vida da solução também é rabiscado por aqui.
Finalmente, mãos à obra. Não ralhem comigo, é necessário “fazer e acontecer”, subsequentemente, medir se foi feito de modo correto. Avaliar o resultado, lembram da antiga “prova dos nove” da 4ª série. Quanto maior a negligência em validar e monitorar (feedback contínuo), maior será a certeza do retrabalho futuro. Ou pior, constatar que o trabalho foi em prol da ineficiência e/ou solução paliativa.
Não escrevi absolutamente nada que todos já não saibam, mas entre saber e acatar – mesmo os princípios básicos – há um abismo. E, convenhamos, é bem mais fácil insistir na tentativa e erro (atirar a pobre da “galinha fake” pra cima e esperar um show de acrobacias aéreas); do que sentar, pensar, planejar e fazer … feito gente grande.
O intuito inicial desta prosa era abarcar gripe aviária [1], bebê reborn [2] e mania therians [3]. Mas a gama de coisas é tão complicada (ou seria complexa) que não deu para acolherar junto tantas doideiras. Vou simples e elegantemente desfechar: o “bicho-homem” tá se puxando nas alucinações. Ou seja, há pessoas buscando um providencial fuga da realidade.
Registro de provocações nas entrelinhas, mordiscando bem miudinho pra ninguém se zangar:
- [1]
- Em 2022 o vírus da gripe aviária dizimou 170 milhões de aves nos EUA e o preço do ovo, até hoje, não se aprumou por lá. Temos que nos preocupar?
- [2]
- Tempos atrás tivemos a febre dos Tamagotchi (bichinho virtual) que mais parecia um chaveiro sem vergonha de cafona, com direito a ter horário de comer, dormir e outras babaquices mais. Agora, parece que deram um baita grau no visual do boneco de silicone, com supressão das obrigações chatas e, por oportuno, uma geração emocionalmente mais suscetível e passível de estudo na área afetiva. Os amiguinhos dos bichinhos virtuais de outrora estão tornando-se pais de “pinóquios psico-realistas”. Eu nem quero imaginar … qual será a novidade quando esta turma tiver a idade do Gepeto. “A realidade é mais estranha do que a ficção, porque a ficção precisa fazer sentido.”
- [3]
- “Therian” se refere a pessoas que se identificam de forma intensa, seja espiritual ou psicológica, com um animal específico. Sinceramente, sem palavras … não tenho alcance para dizer algo a respeito disto. Sugestão é pedir ajuda especializada. Sem preconceito, não faço questão de me deparar com um(a) “homo galináceos” ou outra mescla, seja qual for.
“Para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada.”– Henry Louis Mencken
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