Surpreendente mente

Cagada ou tragada?

Ando sentindo-me bastante aliviado pois finalmente consegui decifrar o modus operandi da cabeça de parcela do povo brasileiro. Trata-se de um exemplo clássico de lógica inversa. Alguns chamam de negacionismo ou “aburrescência”. Funciona assim: caso se diga que uma vacina é importante, efetiva e segura causará repulsa; por outro lado, caso se diga que um cigarro eletrônico é maléfico, arriscado e proibitivo, com certeza, haverá uma enxurrada de procura.

Nos arrabaldes se comportam assim … sinal invertido. Porém na Corte, a contrariedade à lógica natural, assume requinte de obscenidade. O poder Legislativo quer porque quer meter a mão na cumbuca (só quer saber de emenda$, legislar pra quê?); o poder Judiciário faz “caridade” com o dinheiro alheio (suspende multas de empresas poderosas – só R$ 10,3 Bi [J&F] e R$ 8,5 Bi [Novonor, leia-se Odebrecht]); e o poder Executivo tem que rebolar na boquinha da garrafa (déficit público é o ó do borogodó – R$ 230 Bi em 2023). Enquanto isto, a galerinha tá aí, feliz da vida fazendo carnaval e fumacinha vape, sem a menor ideia da baixaria que rola nos podres poderes. Os poderes são os mais límpidos reflexos da sociedade … tô nem aí, tamô nem aí!?

Nossa Terra é Santa, é ou não é?

Por isto, faço votos que permaneça a alienação baseada no pão e circo, o que garante o torpor e evita que a polarização (“Debi & Lóide[1]) descambe para algo mais grave, cuja amostra já vimos. Em face dos mandos, desmandos e salve-se quem puder; é claro, não existe vazio de poder e, tanto o crime organizado quanto o STF, tomaram posse das “quebradas”, respectivas. O fato é, com muito orgulho, que a única certeza que resta é que o nosso país sempre nos surpreenderá.

Quer saber … se eu escrever mais vou ser tachado de pessimista; mal-humorado; ou copo 1/4 vazio [2]. Melhor sonhar sermos a geração dos privilegiados com os milagres da Inteligência Artificial (sinceramente, não os vejo [3]) e que se continue absorvendo vasta sapiência da nicotina, do BBB e das redes sociais. Cá entre nós, sem menor necessidade de sentar na latrina para “raciocinar” sobre política, que – made in Brazil – se enquadra como excremento da sociedade. Sinto muito … não faltam bravatas de patriotismo; porém, na verdade, muitos estão transviados mirando pro próprio umbigo.

Ainda bem que Einstein “pariu” a teoria da relatividade (E= m*c^2) antes do nosso tempo e noutro lugar, senão – “surpreendente mente” – a fórmula poderia dar “E=m3r-d^4“.

 


Registro de provocações nas entrelinhas, mordiscando bem miudinho pra ninguém se zangar:

[1]
Confiar no Lula ou levar a sério o Bolsonaro não pode ser considerado normal; mas relaxa, de sábio e louco todo mundo tem um pouco.
[2]
Desculpa por ser provocativo, errei de propósito só pra destacar que há uma parcela populacional que tem considerável dificuldade de responder, sem calculadora: dentre 1/3 ou 1/4, qual é o maior? Como anda nossa educação básica? Faça um teste … costumo notar o caixa do supermercado desesperado quando se paga em dinheiro e precisa retornar o troco.
[3]
Ó, o negacionismo não poupa ninguém, ninguém mesmo. Vejo DE TUDO apropriando-se, indevidamente, do termo “IA” (tá na moda); em compensação, muitíssimo pouco significa IA … de verdade. Precisamos de mais cabeças pensantes, ao invés de pessoas vislumbradas por tecnologia que não entendem.

 

 

 

“Se você está procurando resultados diferentes, não faça a mesma coisa.”

– Albert Einstein

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