Guerra na Ucrânia

– Autora: Ana Maria Cemin
Guerra nuclear? Talvez!?
Desde 5ª feira, tenho dedicado várias horas para ouvir, ler e assistir comentários diversos sobre a invasão da Rússia na Ucrânia, seja por ter sido tocada pela dor do povo ucraniano ou pela necessidade de avaliar o quanto isso impacta as nossas vidas.
Nunca é uma coisa só a motivar.
E sendo brasileira, me envolvo também nessa guerra midiática que visa a transferir a responsabilidade de tudo para o Bolsonaro. É incrível! Até a guerra da Rússia é motivo para reduzir o nosso próprio valor, com ataques ao presidente. “Ele não se posiciona claramente”, insistem todos os dias. E desde o começo eu tive o interesse em saber qual a posição brasileira e a verdade é uma só: não estamos neutros. O Brasil utilizou os meios oficiais para posicionar-se contra a invasão.
Talvez alguns brasileiros tenham uma fantasia de que o presidente do Brasil viesse a pegar o microfone e, a plenos pulmões, desse broncas na Rússia, a exemplo de alguns presidentes por aí. Em especial, vê-se presidentes de países poderosos como Estados Unidos, França e outros colocando as suas posições com veemência. Quem somos nós para fazer isso? E penso: será que estes países não poderiam fazer algo mais do que ficar nessa atitude de ataques verbais? Não sei. Estão mandando armas, dinheiro e apoio com materiais essenciais. Nós, brasileiros, também podemos entrar nesse mutirão e tenho certeza de que entraremos, inclusive abrindo as portas para os ucranianos se abrigarem em nosso território.
O que mais esperam do nosso governo?
O que é preciso nesse momento é retirar o exército russo do território ucraniano e dar fim ao genocídio. Agora vejam: aquela região do planeta é tão complicada, tanto que o cidadão que nasce por lá já sabe que a qualquer momento pode ser convidado a viver esse tipo de tragédia. Nem em sonho, nós podemos imaginar o que isso representa. Até hotéis têm bunkers, algo inimaginável no Brasil. Quando temos uma notícia de que em nosso território alguém construiu um bunker, nós achamos graça, porque nada disso faz sentido para nós.
Sendo assim, ninguém pode esperar que nós, brasileiros, possamos dar uma aula de como proceder em tempos de guerra armada, pois não temos convivido com isso há tempos e não parece ser nossa prioridade formar soldados em grande quantidade. Naquela região, é provável que todos os homens devam cumprir o serviço militar. Lembro que o nosso guia, numa trip pela Turquia, nos falou que 100% dos homens fazem serviço militar naquele país e eles podem ser chamados para defender o país a qualquer tempo. Sério? Sim, ele explicou que os vizinhos têm um temperamento instável.
Sinceramente, corre em minhas veias 100% de sangue italiano. Minha bisavó Catarina veio da Itália para o Brasil fugida da guerra e os demais antepassados vieram de lá, devido à fome. A Itália como os demais países europeus é muito instável, nunca se sabe quando um país vai brigar com o outro. Não só esse continente, mas como parece que a gente sempre coloca a Europa como o centro do nosso universo, vamos pensar nela e nas duas guerras mundiais que tivemos e de como se comportaram os europeus.
Agradeço todos os dias pelos meus antepassados terem feito a travessia do Oceano Atlântico. Nós temos problemas no Brasil, mas não somos tão ferozes. Muita coisa precisa ser ajustada, mas não espero guerra por aqui, muito menos que nossos homens sejam chamados para defender os ucranianos. Me parece mais sensato que os europeus prestem este auxílio e assumam as consequências junto a Rússia. De novo: não temos poderio bélico, somos considerados um país pacífico e agrícola. Terceiro mundo. Tem muito europeu que se acha melhor do que nós e grita que não sabemos cuidar da Amazônia, do que é nosso. Aí vem aquela pergunta que não quer calar: e eles sabem cuidar de alguma coisa ou apenas fazem discursos bonitos e colocam crianças no microfone para dizer besteiras sobre preservação ambiental?
Pareço um pouco indisposta com o que acontece na Europa e é verdade. Quando penso em viajar para algum lugar do mundo o que menos me atrai é justo este continente. Parece que tudo é sempre muito igual por lá e se duas guerras aconteceram, uma terceira também é bem possível. Parece que esses povos têm um déficit em aprender sobre convivência harmônica.
De tudo que li e ouvi até agora, creio que Putin não recuará com as restrições econômicas, sob a batuta americana. Nunca foi preocupação do governo russo a qualidade de vida de seus habitantes. Historicamente, os ditadores russos deixaram o seu povo à mingua. É só estudar um pouco. Putin faria novamente, sem problemas de consciência. Afinal o jogo dele é mostrar força no comando de um país com 144 milhões de habitantes, capaz de subjugar o povo ucraniano, com cerca de 40 milhões de habitantes, diante do olhar do mundo inteiro.
Além do comando das suas poderosas armas, Putin mostra capacidade de articulação com outros países fortes, como China e Índia. E a China avançou no mundo inteiro com seu poder econômico. Nós, brasileiros, estamos nas mãos deste gigante faz tempo. Nossa economia roda junto com a da China e, com essa guerra na Ucrânia, ficou claro que também dependemos muito de insumos agrícolas que compramos da Rússia. São os fertilizantes. Sem eles, a nossa base econômica pode declinar, o setor primário é nosso carro-chefe.
Eu também tenho imaginação e nela alguém está dizendo para o Bolsonaro falar o menos possível nesse momento e ele está aceitando o conselho. A gente sabe que a expressão verbal não é uma arte dominada pelo nosso presidente. É para isso que temos todo um aparato diplomático, certo? Ufa! Ainda bem! Nada de “m” no ventilador nessa hora, please. Deixe o Itamaraty cuidar dessas conversas entre as nações, até porque temos o resgate das centenas de brasileiros que ainda estão na Ucrânia.
Ouvindo tudo isso, de vários comentaristas, fico com a impressão de que a nossa imprensa vive olhando para o seu umbigo, sem ter a noção exata da nossa dimensão e da nossa importância política no cenário global. Somos anãos nessa hora! A gente não sabe brigar como eles, nem atirar como eles, nem achar normal ter um lugar para proteção de nosso povo no subsolo.
Creio que é chegada a hora de nos aceitarmos como um povo pacífico, que espera respeito, tem suas fronteiras guardadas pelos nossos militares e que, em última análise, sabe trabalhar a terra e produzir frutos. Para nós e para os outros.
Essa crise que Putin afirma ter, de se sentir ameaçado pelo crescimento do número de países que aderiram a Aliança Atlântica (OTAN), nós não temos. Somos civilizados. Achamos isso tudo… esquisito numa época de armas nucleares. Basta apertar um botão e o mundo que conhecemos desaparece. E ele está preocupado com um país vizinho que, a princípio, abriga muitos russos.
Putin e seus aliados iniciaram a sua escalada de dominação há muito tempo. Ucrânia é apenas o começo de marcação de território. É uma atitude primitiva. Que sejamos poupados de tanta insensatez. Nós, brasileiros, vibramos numa energia mais alta, com certeza. O que nos espera? Tocar a nossa vida da forma que sabemos fazer e torcer para que eles se acalmem o quanto antes. Valem pensamentos positivos e orações, coisa que nós brasileiros sabemos fazer com uma força incrível!
“Olho por olho, e o mundo acabará cego.”
– Mahatma Gandhi

2 comentários

  1. Mario Câmara em 2 de março de 2022 às 21:59

    Quem viver verá: “o ódio que a Rússia está semeando por deflagrar um guerra (havendo ou não uma trama estratégica e/ou armadilha midiática ocidental), custar-lhe-á meio século de privações (sanções econômicas) e isolamento (discriminação internacional).”

  2. Mario Câmara em 1 de março de 2022 às 17:06

    Ando muito ressabiado com esta Guerra na Ucrânia. A guerra é o ápice da atrocidade que a humanidade, infelizmente, precisa reviver para sentir na própria pele. Sabe-se exatamente o local em que se desenrola o conflito (Guerra na Ucrânia, não Guerra da Ucrânia); no entanto, os verdadeiros motivos e motivadores são intrinsecamente ocultos. Como é dificílimo saber até a “verdade” que se passa logo aqui pertinho – no Planalto Central; não ousarei palpitar o que se passa do outro lado do mundo. Ao invés disto, tão somente, vou aproveitar para difundir o interessante texto acima que tive a oportunidade de ler; justo pelos pontos de convergência e, também, divergência que só agregam ao raciocínio.

    Concluo que não é hora de jogar lenha na fogueira, nem jogar água para apartar a briga dos “cachorros grandes”, pois de nada adiantaria. Que os “Golias” ponham a mão na consciência e caiam na real (não façam, ainda, maiores asneiras) e deixem em paz o devastado, sofrido e corajoso “Davi”; que está justo no olho do furacão. Continuando a escalada de insanidade por parte dos gigantes, UMA coisa é certa, com ABSOLUTA CERTEZA: (i) vai respingar “sangue”, “suor” e “lágrimas” pra tudo quanto é lado; e (ii) todos os continentes, sem exceção, vão amargar prejuízo e retrocesso.

    A meu ver… a despeito do atual malgrado governamental mas sempre esperançoso, rogo por mandatários no primeiro mundo (um dia… há de chegar a nossa vez) com tirocínio aguçado, com habilidade para celebrar alianças confiáveis e que sejam bem menos – MAIS bem menos – falastrões, de modo a não se enforcarem com a própria língua ou, “acidentalmente”, esbarrarem num botão catastrófico por conta do brio maculado.

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