Julgamento da trama golpista

envolvimento x comprometimento

Que m3rd4 … tenho me segurado para não me expressar mais sobre assuntos políticos; principalmente, do “ben-mito” que virou maldito (covarde). Pra mim, já era um predicado intrínseco ao “elemento” de longa data. No entanto, não consigo me aguentar, diante das sustentações orais dos advogados de defesa (agradecidos pelos substanciosos proventos) dos réus do alto escalão da tentativa de golpe de Estado, de 08 Jan 23 (dia da Vergonha). Que horror … quanta bajulação os juízes tem que aturar!?

No cômputo geral, classifico o pessoal arrolado nesta baderna para reverter – na marra – o resultado das eleições (conforme registrado nas urnas), em dois grupos: (a) os seguidores;  e (b) os colaboradores.

Os seguidores – pobres coitados – lembram-me muito os que encarneiram feito cordeirinhos, com mínimo esforço pra serem embretados nos cercadinhos [1]. Trata-se da turma do gargarejo que se entupiu de ivermectina; que se deixou emprenhar pelos ouvidos a cerca da “suposta” (por conveniência) fraude das urnas eletrônicas; e se aglomeraram na frente dos quartéis a espera de um milagre, já que faltou competência no Planalto. Eu diria, são os ingênuos úteis da história com limitada capacidade de ponderação. Bem, deve ser a turma do joio que nas lives do “mito” vivia comentando … amém, amém e amém!

Agora, no grupo dos colaboradores, mora o trigo que há de ser separado do joio (ervas daninhas que serviram como peões de manobra na linha de frente). Vamos ajustar a linguagem figurada, passando pro reino animal. Os colaboradores se dividem em subgrupos: [(b.1) envolvidos (“galinhas”)];  e [(b.2) comprometidos (“porcos”)].

  • Envolvidos foram aqueles que achavam todo aquele burburinho muito enobrecedor e, por que não, mandaram um PIX para a conta do pobre ex-presidente se esconder na “Disney” ao invés de passar dignamente a faixa. As doações renderam significativos lucros e dividendos, retornando – a posteriori – em tarifaço. Ué, diante do convite pra “festinha da Selma” devem ter pensado: é uma desfeita ficar de fora deste chamamento pátrio. Uma vez na festança, todos os “galinhas” são pardos e, diante da palavra de desordem: joga “ovo” e bosta na Geni e no Zepelim.
  • Agora os comprometidos são os que estão mergulhados na lama até o pescoço. Antes da virada de mesa que esmagou os próprios pés, eram os que vociferavam aos três ventos: “não percam a fé, é só o que eu posso falar”. Os “porcos” debulharam as tripas do próprio cerébro sobre o plano estapafúrdio e, até demorou, estão todos os “espertos” com os rabinhos entre as pernas. Aliás, todos não, o Centrão (verdadeiros espertalhões movidos pelo pragmatismo do poder [2]) se esquivou lindo desta confusão.

É claro, falar em retrospectiva é fácil. Mas, lá atrás, três episódios me arrepiaram a espinha como se fosse prenúncios:

  1. o porta-voz do Governo saiu de cena e deixou escapar um artigo, pra mim, emblemático: Memento mori;
  2. para muitos soou algo normal mas, na minha opinião, foi um “abalo sísmico” aquela decaptação do Comando da Defesa e dos Comandantes das 3 (três) Forças em detrimento de militares com maior “alinhamento” de pensamento, representando uma vexaminosa quebra hierárquica nas FFAA; e
  3. esta observação é de foro íntimo, mas calou fundo ver um Tenente Coronel – “aide-de-camp” – pendurado no parapeito de um palanque, a tirar fotos do Chefe como se fosse um paparazzi abestado. “Gafanhoto”, não mostre o fundilho.

Estes sinais, à época ainda débeis, indicavam a possibilidade do caldo entornar. E entornou.

Que o dito-cujo sempre foi e sempre será boquirroto, desbocado e destemperado, DESDE QUE por cima da carne seca, não é novidade pra ninguém. Porém, as sucessivas e indecorosas ações ecoavam muito, muito mais alto e grave que os palavrões. “Acabou porra” … deu no que deu … o Supremo Tribunal Federal (STF) tendo trabalho para classificar [3] os(as) sujeitos(as) de acordo com o nível de participação, analisar a validade das provas, aplicar a dosimetria da pena e, conforme o caso, o deleite de expedir a voz de prisão:  “teje preso!”

A cúpula do Governo Bolsonaro, tal como recrutas na hora do pato, pode ser enquadrada nos seguintes crimes: (i) organização criminosa armada; (ii) tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; (iii) golpe de Estado; (iv) dano qualificado contra o patrimônio da União; e (v) deterioração de patrimônio tombado.

Moral da história, sejam “ervas daninhas, gafanhotos, galinhas ou porcos” não vale a pena SE SUJAR por político de estimação, ideologia cega ou pra faturar três vinténs furados do Geni. Restando, tão somente, ouvir o sermão do capa preta: “impunidade, omissão e covardia não são instrumentos para pacificar o país.”

 

Registro de provocações nas entrelinhas, mordiscando bem miudinho pra ninguém se zangar:

[1]
Não é por mau não, mas se a pessoa se deixa conduzir feito gado, imagina a facilidade de engolir desinformação.
[2]
O Centrão é uma “ninhada” digna de ser estudada, por conta da percepção – extremamente precisa – do momento de embarcar e abandonar a Capitânia da Esquadra. Eu diria, os políticos de “puro sangue” (entenda como quiser) pertencem ao grupo do Centrão.
[3]
Sinceramente, espero que o eminente leitor – nesta narrativa – não se auto-reconheça em quaisquer classificações. Caso contrário, não vai adiantar nada ficar brabo comigo; talvez, brabo consigo … resolva alguma coisa. 😡

“CUIDADO … pra não ser um ‘geni-vai-com-as-outras'”.

 


Deixe um Comentário