Equilíbrio ou ponderação

Centrado …

Tá … não haveria luz se não fosse as trevas, daí a importância do equilíbrio. As mudanças tornaram-se tão frequentes que passam desapercebidas [1], sem espaço para o contraponto (reflexão). Por conta disto, aparentemente, o contínuo das transformações não nos tira mais o fôlego e aprendemos a nos comportar tal como um caranguejo na panela de cozer … adaptável a pressão e temperatura crescente até o limite intolerável (guerras medievais, fúrias climáticas e insanidades toscas).

Assim sendo, debate-se muito sobre a questão da qualidade de vida e meio ambiente – apesar da indiscutível relevância destes temas – são meros sintomas; cabendo-nos identificar a causa raiz do problema. Por que será que o mundo está se tornando tão acelerado e, junto, cada vez mais voraz, selvagem e desumano? Supérfluo!

A enxurrada de informações e inputs é tão incrível que nos atiramos para sermos levados pela “bola de neve” e o que vale é estar no turbilhão, sem importar pra aonde se vai. Surfando neste fluxo contínuo nos agarramos a quaisquer ferramentas ou órteses tecnológicas que nos apresentem, contanto que auxiliem na “administração” do caos. É ou não é, fantástico! Nós seres humanos adoramos … fortes emoções. Será!?

Só que há um preço a ser pago para usufruir da montanha-russa: estresse, ansiedade, depressão, falta de concentração, distanciamento social, desorganização, superficialidade [2], procrastinação e por aí vai. Lembro, na caserna havia uma “fórmula de sobrevivência” para situações complicadas: ESAON (estacione, sente-se, alimente-se, oriente-se e navegue). Em outras palavras, dê um pouco de tempo ao tempo e pra você respirar.

Esta pausa para descompressão e dar um STOP é algo surreal. Concentrar para ler um livro e refletir ao virar a página é um milagre. Pausar um pouco para exercitar a empatia é algo divino. Contemplar a beleza estonteante que advém da natureza, nem de graça. Sem ser melódico, vê com os olhos do coração é foda. Talvez (não duvido mais de nada), não precisemos de um aplicativo para auxiliar-nos nestas tarefas e possamos, ainda, sentir (olho no olho) o mundo ao nosso redor.

Vivendo … procuro equilíbrio ao tentar (veja bem, tentar) compreender ou assimilar tecnologias e as diversas inovações, sempre ponderando: “será que estamos tão aficionados em acertar um tiro na lua que estamos perdendo a percepção de onde estão nossos pés?” Justo onde estamos calçados no tempo e no espaço, cabe a medição dos limiares essenciais e existenciais: qualidade de vida (saúde física, mental e moral) e o meio ambiente [3] que nos cerca.

Equilíbrio ou ponderação (senso crítico): por favor, os dois!

[1] Duas descobertas que achei o máximo: (i) vi um orelhão e por curiosidade fui verificar se funcionava. Sim – funciona (faz ligação a cobrar) – mas ninguém mais naquela rua aquinhoada, em sã consciência, vende cartão telefônico; (ii) observei que não passa mais a cestinha de contribuição ao final da missa católica, afixaram nas costas dos bancos um QR-Code para que se faça um Pix; e (iii) disse duas, mas esta não acho graça. Faz tempo não há sentido a palavra “Vizinho”, daqueles que você fazia um bolo e o próximo se aprochegava com um cafezinho e uma prosa. Agora até pra fazer uma ligação telefônica pra alguém, precisa anunciar com uma semana de antecedência. E olhe lá … tô exagerando?
[2] Superficialidade é uma tema que me preocupa e embasbaca. Apesar do volume de informação, talvez justamente por conta disto; contentemo-nos com o supérfluo. Aprofundar num assunto, soa como perda de tempo, tendo em vista que “amanhã” já será algo sobrepujado. Aquela velha discussão dentre ser generalista ou especialista parece elucidada, tendo-se optado pela mera visualização da ponta emersa do iceberg em detrimento da construção – pari passu – da pirâmide do conhecimento. Costumo optar pela dualidade mas neste embate, apenas recito … “uma edificação forte, não se constrói a partir do telhado” e, é bom saber, estão cunhando um novo ser: “nexialista”.
[3] Por favor, não deixe de inserir no contexto “meio ambiente” as pessoas (é o que há de mais importante); estes seres feitos sua imagem e semelhança, de carne e osso, com qualidades e defeitos, que estão do seu ladinho.

 

“Eu nunca poderia ter feito o que fiz sem os hábitos da pontualidade, ordem e aplicação, e sem a determinação de me concentrar em um assunto de cada vez.” 

– Charles Dickens

1 comentário

  1. Mario Câmara em 19 de dezembro de 2023 às 08:10


    Não existe certo ou errado, existe estilo individual:
    (i) conhecimento raso, do tipo que sequer bate na canela, pode não se prestar para tomada de decisão decente;
    (ii) já pros “aventureiros” … manda ver, outro se lasque em decorrência das consequências; ou
    (iii) dispor apenas de “0” ou “1” é limitante …

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